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“Poesia não é para compreender mas para incorporar
Entender é parede: procure ser árvore.Manoel de Barros.







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quarta-feira, 23 de março de 2011

As abotoaduras da noite.

"Ou tipo assim: A gente viu a tarde pousada na beira do rio com as suas rosadas pernas.
Era um gosto maior para nós apreciar as pernas rosadas da tarde!
A gente queria com as nossas visões afastar do bom senso o que fosse racional.
E cair no absurdo que faz a beleza da poesia: Tipo assim: Nós vimos um sapo ajoelhado
no próprio abandono - isso dava melhor expressão ao abandono. 
E ao sapo."
Manoel de Barros.

Olhando para o céu naquele noite, imaginava-a como um longo cetim com diversas abotoaduras, falou "Que belo vestido Dona Noite, quero o nome do alfaiate para encomendar um para mim." E  ria da própria loucura, rolando pela grama.
Prefeiria conversar com as árvores, os bichos, o sol, a lua ou até mesmo uma pedra. Estes lhe entenderiam por não reclamarem que a garota só falava asneiras, que era meio doida e que às vezes suas palavras não faziam sentindo algum. "Mas pra que sentido? Se é exatamente este que tira toda graça das coisas?", ela pensava.
E não pensem que era um monólogo chato e triste, mas sim um diálogo com tudo que se tem direito! Com a imaginação tudo ganha-se vida. Tudo é mais colorido. Há sempre um duende com um pote de ouro no fim do arco-irís ou uma flauta que faz os bichos dançarem.
"Coitadinha, tão nova e tão louquinha!" Diziam aqueles com as pernas grandes. Ela preocupou-se com aquilo que chamavam "doença" ela chamava, "ser feliz." Encasquetada, resolveu não mais ouvir as fadas que lhe chamavam para pular pelo jardim atrás de vaga-lumes. Passou uns dias em preto e branco, alienando-se pelos comercias de tv. Reparando no estresse da pai "Tem que pagar isso! Tem que pagar aquilo!", no consumismo da mãe "Tem que comprar isso, tem que comprar aquilo!" E reclama-se das rugas, da falta de cabelo e da brancura dos que restam. Corre-se pra cá, corre-se pra lá. "É isso que é ser normal?", indagou para os botões.
Lá fora as abotoaduras da noite brilhavam, chamando-a para brilhar em conjunto. "Prefiro ser louca então!", isso ela disse para si, enquanto pulava a janela e jogava-se na grama.

Manoel de Barros é um dos poetas que mais fiquei feliz em descobrir, ainda mais que foi tão sem querer. Acho belíssimo o fato de que cada um pode interpretar muitos versos dele, da maneira que mais o convir, o que acontece com vários outros poetas. Como na frase de início do blog, nós os incorporamos e será o que melhor quisermos. E vejo bastante de infância, isso das coisas não precisarem ter aquele sentido claro, então fui inspirada na filha da minha madrasta também, ela é bem doidinha, fala ums coisas tão sem sentido para mim que já cresci, mas para ela há toda graça no mundo.
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9 novidades:

Mariana disse...

Colocar o sapo num poema e ficar bonito, é para os talentosos.

Luna Sanchez disse...

Gosto dessa doçura que transborda das palavras dele...isso contagia!

=D

Um beijo!

2edoissao5 disse...

Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus, sou eu…(Balada do Louco).

Luana Natália disse...

Incrível... essa do seu texto sou exatamente eu! E olha que eu já cresci, hahah

Anônimo disse...

Siiiiiiiim, ele é demais.

Adorei o novo visu!
Obrigada pelo carinho flor.

Lara Oliveira disse...

Que texto lindo! Ótimo escritor ele, adorei mesmo. Beijos

Sasha Portrait disse...

essa loucura toda é o que há de mais saboroso na vida. =]

Natália Corrêa disse...

Eu sou bem assim sabia? Falo com o que tiver por perto, pode ser gente ou pedra, e se eu não gostar da resposta eu finjo que não ouvi.
Pena que de vez em quando a realidade bate na porta e eu sou obrigada a abrir. Por mim eu me trancava dentro do sonho, mas sempre tem um despertador insuportável avisando que "é hora de crescer" ¬¬'

Obrigada por sua visita *-*
Seu blog foi uma descoberta pra mim :D

Eraldo Paulino disse...

Manoel de Barros é o poeta vivo que mais admiro.

E como está lindo o teu espaço, querida.

Parabéns!